Eu nunca serei pó
Alda Pereira Pinto
Eu nunca serei pó, porque sou alma.
Sou espírito e em pó não me farei;
Morrerá o meu corpo, e pouco importa
Que vire pó minha carne morta,
Se desta carne, livre, evolarei.
Eu nunca serei pó, porque sou alma.
A alma é luz, seja a luz negra ou dourada,
E luz não se rebaixa às sepulturas,
Podendo ter seu brilho nas alturas
Ou mesmo lá num caos, abandonada.
Eu nunca serei pó, porque sou alma.
A carne é roupa, indumentária apenas
Com que Deus veste qualquer ser etéreo
Só para realizar o seu mistério
Tantas e estranhas transações terrenas.
Eu nunca serei pó, porque sou alma.
Se a carne acaba no feral abismo
Dessa soturna deusa de destroços
Chamada Morte, vã silhueta de ossos,
A alma não na recebe em seu batismo.
Eu nunca serei pó, porque sou alma.
Sou poesia, amor, adoro a vida,
E brilharei na música ou no verso
Entre as estrelas claras do universo
Quando da carne me encontrar despida.
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