domingo, 25 de setembro de 2011




Palco


Sou o homem, cidadão perplexo da terra
Quando o mar exige, a onda vem me buscar
Eu lamento o azul, e borbulho no azul
De bolhas sou, na paz do mar

Quem me mandou estar aqui,
Na paz do mar, que eu não pedi?
Na indiferença do palco
Que eu não ergui?

Mesmo que brilhem todas as estrelas
A solidão existe na imensidão do mar
Nas fardas verdes dos meus coronéis
Exército obediente de algas marinhas

Despetalei meus sonhos, um a um
E despertei exausto de mim
Venci minhas batalhas, dilacerei meu corpo
E não consigo lapidar a alma

E como comediante bêbado
Exalto os meus papeis
Um tempo trágico, outro irônico
Meus passos sempre irão além de mim

Sou o homem, bicho universal
E a plateia irreverente pede bis



João das Flores

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