quarta-feira, 13 de maio de 2009

Eu nunca serei pó




Eu nunca serei pó


Alda Pereira Pinto


Eu nunca serei pó, porque sou alma.

Sou espírito e em pó não me farei;

Morrerá o meu corpo, e pouco importa

Que vire pó minha carne morta,

Se desta carne, livre, evolarei.


Eu nunca serei pó, porque sou alma.

A alma é luz, seja a luz negra ou dourada,

E luz não se rebaixa às sepulturas,

Podendo ter seu brilho nas alturas

Ou mesmo lá num caos, abandonada.


Eu nunca serei pó, porque sou alma.

A carne é roupa, indumentária apenas

Com que Deus veste qualquer ser etéreo

Só para realizar o seu mistério

Tantas e estranhas transações terrenas.


Eu nunca serei pó, porque sou alma.

Se a carne acaba no feral abismo

Dessa soturna deusa de destroços

Chamada Morte, vã silhueta de ossos,

A alma não na recebe em seu batismo.


Eu nunca serei pó, porque sou alma.

Sou poesia, amor, adoro a vida,

E brilharei na música ou no verso

Entre as estrelas claras do universo

Quando da carne me encontrar despida.

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